(Previamente publicado em Novas da Galiza nº 218, janeiro de 2023.)
Cumpre darmos a volta, porque nos estám a levar por un caminho errado. Pisar o freio antes de cairmos polo precipício da extinçom arrastados por umhas elites niilistas e suicidas. Dar a volta: isso é o que vém sendo decrescer. A derradeira volta que o caracol, símbolo do movimento, sabe que pode dar no seu crescimento em espiral antes de virar a sua cuncha demasiado pesada para carregar com ela. Darmos a volta ao significado desse colapso que, para nós em Galiza —dixo o Carlos Calvo Varela— nom é senóm a volta para a casa dos avós. Dar a volta, assim, ao medo.
Voltar à terra, voltar aos velhos saberes, bem mais resilientes do que andrómenas tecnofantásticas dos nossos desgovernantes. Vivermos simplesmente para outros poderem simplesmente viver, polas palavras do Gandhi. Voltar para dentro dos limites, a guardar esse pé que estarricamos demasiado, para dentro da manta, antes de que o choque com os limites da biosfera no-lo ampute. Voltar às nossas comunidades, voltarmos a nós mesmas, voltarmos a ser vínculo, relación, tribo e nom ilhas que se crêrom independentes por um breve instante de delírio capitalista. A vida volta a pôr no centro, o berro ecofeminista. E o sol a nos alimentar de novo.
É precisso darmos a volta a este sistema impossível, cruel e caníbal, para pôr as necessidades sociais encima, e deitar abaixo o lucro e a cobiça. Dar a volta ao patriarcado e colocarmos todo o poder, se for preciso, nas mãos das mulheres, como diz Riechmann: mas todo o poder. Dar a volta aos óculos miopes que guiam a nossa economia idólatra, e poder olhar para o longo prazo, com a razom e a empatia, quando menos para as sete geraçons da naçom iroquesa.
Cumpre já esta volta. Cumpre já decrescer ou desaparecer.